22 de março de 2012

O Porto de Belém tem missão social, não pode morrer.

      Deputados da Comissão de Transportes  da Assembleia Legislativa foram inspecionar os galpões 11 e 12 da Cia. Docas do Pará, que estão sendo motivo de grande desavença. A direção da CDP quer desmontar os galpões e utilizar o imenso espaço para ampliar a capacidade de movimentação de cargas através de containeres enquanto algumas  figuras públicas não aceitam esse desmonte considerando que essas medidas irão pôr  fim a uma parte da história do Pará.
    
     Cada um tem o direito de defender seu ponto de vista e embora discordantes, a sociedade tem direito de analisar e ver  o que é melhor para a maioria porque um fato pode ter muitas versões e  verdades.
     Sob  meu ponto de vista, defendido também  por colegas parlamentares, a diretoria e  empresários da FIEPA  além do  Sindicato dos Portuários e empresas que atuam no setor, a decisão da CDP é a mais coerente, acertada e responsável.
     
     Antes da inspeção ao espaço em questão, ouvimos do presidente da CDP, Carlos Ponciano e da diretora de gestão, Socorro Pirâmides, um longo e expressivo relato sobre o porto e sua importância para o transporte de nossas mercadorias para o país e exterior e quanto essa atividade poderá crescer nos próximos anos com as reformas estruturantes  que estão sendo projetadas no espaço onde se situam os galpões.
     O presidente da FIEPA, José Conrado Santos, presente à reunião, foi taxativo em defender o projeto da CDP para o porto destacando que mais de 400 empresas do Estado dependem dele para viabilizar o transporte da produção com menor custo e maior competitividade no mercado.
      O movimento de containeres, por exemplo, aumentaria de 15 para 45 por hora com muito mais segurança e teríamos ampliado os berços para carga e descarga de navios de mais de 60 mil toneladas. Isso significaria muito mais empregos, coleta de impostos, geração de riqueza e a ampliação de nossas exportações como a carne, o peixe,  açaí, cimento, móveis em madeira, pimenta e tantos outros à partir do Pará.
     As obras de revitalização  propostas pela CDP, dariam uma nova cara para aquele quadrante com a nova Rua de Belém estendida até a Presidente Vargas, uma ponte sobre o canal da Doca e uma via rápida para escoar o trânsito de caminhões pesados que é a Pedro Álvares Cabral. E os caminhões já viriam com os containeres “ovados”, no jargão técnico, descarregando rapidamente e seguindo viagem, sem provocar maiores congestionamentos ao trânsito, asseguram os técnicos da UFPÁ  e empresas de consultoria  que contribuíram com o projeto.
     Todo aquele espaço que pertence às Docas  incluindo as belas e mal cuidadas  praças,  ganhariam vida, progresso, deixariam de ser uma espaço obscuro e perigoso no coração da cidade para ser tomado por empreendimentos geradores de emprego e renda.Seria, afinal, a redescoberta do bairro do Reduto que vem sendo relegado por muitos governantes municipais.
     Os galpões necessitam e reformas e reparos que custariam muito dinheiro. Mas há quem queira e não são  poucos. A Universidade Federal do Pará quer para o curso de engenharia naval; a  Uepa,  para cursos a micro empresários; a Prefeitura de Belém  para o novo Portal da Amazônia e até o município de Castanhal se qualificou a receber um deles.

     Os galpões tinham sua utilidade quando as cargas eram transportadas em sacas de pano ou fibra e não podiam tomar chuva ou  sereno. Com o surgimento dos containeres, eles  passaram a ser um empecilho para o porto.  Prova disso é que três  foram transformados na opulenta  Estação das Docas. Temos que avaliar se queremos um porto moderno e competitivo a fim de expandir nossas fronteiras ou mais galpões de alto custo de reforma e manutenção para fins não identificados no horizonte da baia do Guajará. Quando se reclama tanto da falta de logística que sofre o País em portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, a decisão da CDP em modernizar os armazéns deveria ser motivo de aplausos e apoio de toda a sociedade. O futuro dirá quem está certo em meio as essas verdades.

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