13 de junho de 2012

A cultura paraense e o olhar tucano.



     A Secretaria de Estado de Cultura, Secult, que administra o nosso suntuoso Theatro da Paz, resolveu dobrar os preços da locação daquele  espaço nobre de R$ 1.500,00 para 3.000,00 reais por espetáculo. E não satisfeita, aumentou de 400 reais para 1.500 o valor cobrado pelos ensaios que antecedem o espetáculo,  seja de teatro, balé, ou música. 
     Ora, para um grupo profissional dos grandes centros com atores renomados, esses valores são aceitáveis. Afinal, os ingressos para esses espetáculos custam em torno de cem reais e geralmente são de casa cheia. Em um fim de semana esses artistas arrecadam mais de cem mil reais de lucro líquido. Nada contra, são profissionais gabaritados com público cativo, Belém carece desse movimento  cultural. 
Mas e os artistas da terra ? Como montar um peça de teatro, um musical, um balé com poucos recursos,  realizar ao menos dois ensaios e apresentar no final de semana pagando esses valores à direção do Theatro ? A conta é simples; dois ensaios custam 3 mil reais e duas apresentações, seis mil reais com total de 9 mil reais só de teatro. 
     Mesmo que o espetáculo seja um sucesso, o oxigênio financeiro que poderia alicerçar o grupo e lhe dar vida longa e produtiva esvai-se nas mãos de quem justamente deveria ser o indutor desse processo cultural que é o Estado.
Penso que os grandes espetáculos  com artistas renomados e ingressos caros deveriam  pagar uma taxa maior porque têm caixa para isso. Já os artistas locais, pagariam valores menores sem taxas de ensaio, por exemplo. 
     O que parece é que a Secult não tem dado o devido apoio às promoções culturais de nossa própria terra e que são montadas sem apoio oficial por escolas de balé, grupos teatrais e músicos da terra como se fossem consideradas  artes voltadas para a  periferia cujo público não estaria  “preparado” para freqüentar o da Paz.
      Solicito portanto, desta tribuna, que a Secult reveja os valores aplicados na cessão do Theatro da Paz subsidiando nossa cultura local e regional, dando fôlego aos grupos e escolas que fazem um imenso sacrifício para manter nossos valores culturais e devem receber tratamento diferenciado das grandes indústrias de entretenimento que faturam muito dinheiro enquanto nossos artistas estão no palco mais pelo amor à arte e à nossa cultura.

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