28 de junho de 2011

DIGA NÃO À DIVISÃO

Em 2016, Belém do Pará completa 400 anos de existência estando portanto entre as capitais mais antigas do País. Em 4 séculos, o Estado do Pará foi palco de grandes acontecimentos históricos e sociais partindo de sua colonização que se deu através dos rios, estradas naturais que assistiram a chegada de caravelas provenientes da Europa, depois dos desbravadores Bandeirantes, mais recentemente dos nordestinos, tanto que até há 50 anos atrás, a maioria de nossos municípios estava situada à beira de rios, do mar, de furos e igarapés.
            Podemos citar na região oeste, cortada pelo rio Amazonas, os municípios de Alenquer, Monte Alegre, Almerim, Santarém, Obidós, Oriximina e tantos outros.
No Xingu, temos Altamira, Porto de Móz, Souzel  e Vitória do Xingu.
No Marajó, são 16 municípios como Breves, Soure, Salvaterra e Muaná, o primeiro município paraense a reconhecer nossa independência. Enfim, esse Estado tem uma história cuja página mais importante é sem dúvida a Guerra da Cabanagem onde milhares de insurgentes se rebelaram contra a coroa portuguesa lutando pela independência do Grão-Pará.
            No século passado o presidente Juscelino Kubitschek, com o intuito de unir o centro oeste a região norte, construiu a  Rodovia Belém-Brasília e o governo militar escancarou nossas fronteiras abrindo novas rodovias como a Transamazônica e a Cuiabá-Santarém.
Nos últimos 40 anos o Pará mais que triplicou sua população saltando de 2 para quase 8 milhões de habitantes. Hoje somamos 144 municípios, temos mais de 8 mil quilômetros de rodovias estaduais, cerca de 7 mil quilômetros de federais e aproximadamente 160mil quilômetros de estradas vicinais, ramais e travessões.
            O Pará será no futuro um dos mais importantes Estados brasileiros, já que reúne uma área agricultável de mais de 50 milhões de hectares; tem as maiores reservas de minério do planeta como ferro, manganês, bauxita, cobre, caulim e calcário. Conta ainda com uns dos maiores rebanhos bovinos do País, uma imensa biodiversidade que vive sob a maior floresta tropical do mundo, madeiras nobres que se bem manejadas vão render altos dividendos no mercado, está desenvolvendo o maior programa de biodiesel à partir  do óleo de dendê e agora busca petróleo em sua costa litorânea com grandes chances de sucesso. Qual é o Estado que tem essa diversidade de riquezas para se ufanar?
            Vale ressaltar que estamos geograficamente mais bem colocados junto aos outros continentes em termos de logística de transporte com os portos de Barcarena, Santarém e futuramente o de Espadarte, em Curuçá. Temos um litoral com forte atrativo turístico e pesqueiro, o arquipélago do Marajó com suas belezas naturais e uma imensa área de manguesais onde se desenvolvem nossos apreciados caranguejos e siris.
Em breve teremos um tronco ferroviário que irá ligar o sul, centro oeste e norte do Brasil tornado o Pará o maior pólo exportador de commodities, produtos industrializados e manufaturados.
Os rios que nascem no centro-oeste como o Xingú, Tapajós, Tocantins e Araguaia, deverão ter papel fundamental nesse processo. Eles surgem em pequenos fios d’água mas na medida em que correm em solo paraense se avolumam, se encorpam, recebem as águas de seus afluentes dando vida ao ambiente e a gente que ali habita. E todos eles vêm deixar suas águas na Baia do Guajará que se misturam as do rio Amazonas num processo de “simbiose das águas’’. São essas águas que garantem o transporte de riquezas e de pessoas, que mantêm as várzeas férteis e abundantes de alimentos e que oferecem o peixe de cada dia.
O Pará é tão especial do ponto de vista da nação, que a bandeira brasileira traz a nossa estrela acima da faixa “Ordem e Progresso”, sem misturá-la com as demais. Teremos de alterar a bandeira do Brasil com o Pará dividido? A grandeza territorial do Pará não pode e nem deve ser vista como um empecilho para o desenvolvimento como alguns querem fazer acreditar. Nossos problemas são resultantes de uma ocupação desordenada que aconteceu e vem acontecendo de maneira acelerada com crescimento populacional que, em alguns municípios, chega a mais de 10% ao ano. Nem sempre as políticas públicas nas áreas de educação, saúde e segurança  acompanham  esse crescimento vertiginoso.
O que se nota é uma orquestração de cunho político com interesses difusos e imediatistas para obtenção de vantagens na criação de novas estruturas político-administrativas.
           Quando fui secretário de transportes no governo Ana Júlia, andei por esse Estado inteiro várias vezes asfaltando rodovias em Santarém, Altamira, Sul do Pará, de Xinguará até São Félix do Xingu, obra que deixei em fase de conclusão; construímos pontes, terminais hidroviários de passageiros, trapiches, asfaltamos ruas em muitas cidades, reformamos estradas e investimos em pequenos aeroportos.  Essas obras são simbólicas no sentido de unir nossa população, diminuir distâncias entre as regiões, promover o desenvolvimento sustentável.
           Desde criança e principalmente  nas lutas sociais ouço o famoso refrão que “um povo unido jamais será vencido”.
           Por isso sou totalmente favorável ao Pará como ele é hoje: grande, rico, forte, com uma população heterogênea, oriunda de todos os Estados brasileiros. Essa população tem de respeitar esse passado, essa história de lutas e conquistas e compreender que independente das distâncias, dos sotaques e da cultura que cada um trás,  temos o dever de seguirmos unidos, somar as forças,  pensar o Estado para gerações futuras para serem todos filhos do Grão Pará.

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