15 de abril de 2011

Pará assiste ao milagre dos peixes

Quando foi secretário de transportes do Estado, Valdir Ganzer assistia com tristeza a situação de muitos colonos que mal conseguiam alimentar suas famílias. A terra mal poduzia mandioca, arroz, frutos e, quando muito, algumas cabeça de gado.
Ganzer buscou alternartivas de renda e emprego e foi a piscicultura que se mostrou mais viável  a curto prazo. Com incentivo de empresas construtoras de obras da SETRAN, começaram as obras de construção de açudes e apoio técnico que redundaram em mais de cem projetos de criação de peixe em cativeiro. Dois anos se passaram.
Nesta Semana Santa a população paraense terá para  consumir mil toneladas de tambaquis criados em cativeiro. Comercializados em média ao preço de seis reais o quilo, os produtores irão faturar seis milhões de reais para satisfação de muitos colonos que decidiram apostar nesse novo nicho de mercado.
“Criar peixe em açudes garante alimento para minha família, gera emprego e renda além de ser uma excelente alternativa para o pequeno produtor rural”, atesta Malaquias da Silva Peniche, 42 anos, que vivia da monocultura e há dois anos, por incenivo de Ganzer, resolveu criar peixe em parceria com outras famílias da comunidade de Galiléia, interior do município de Irituia, no nordeste paraense.
Os parceiros  adquiriram da SAGRI 30 mil alevinos e lançaram em um  açude improvisado cujo vertedouro não suportou as águas grandes do inverno e cedeu levando parte dos peixes corredeira abaixo. Refeito os estragos,  eles passaram a cuidar corretamente dos tambaquis restantes com apoio do técnico em piscicultura José Maria Matos, ex sargento do exército que deixou há alguns anos a farda para se dedicar à produção de peixe em cativeiro e hoje atende a mais de cem projetos em municípios como Parauapebas, Irituia, Portel, região do Marajó e tantos outros.
Como o peixe de cativeiro se alimenta basicamente de ração, os produtores rurais  inovaram utilizando frutas como manga, goiaba, açai, bacaba, pupunha, mamão,  além de mandioca, e  de folhas como a maria mole, que viceja  como mato em todas as regiões.  Esse peixe já foi batizado de tambaqui caipira porque tem a mesma textura e paladar de peixe que vive nos rios e por isso agrega maior valor de mercado.
Mas nem tudo são flores e frutos. Diuturnamente as famílias se revezam em vigília à beira dos açudes a fim de espantar os oportunistas de plantão ávidos para meter a mão no peixe alheio. Os açudes têm de ser limpos nas beiradas e no leito com a retirada de paus e galhos para que a rede de arrastão capture os peixes na ocasião da venda e principalmente dizer não aos visitantes e curiosos que insistem em apreciar um tambaqui gordo e suculento assado na brasa.
Para os produtores com pouco mais de recusos financeiros, o melhor é manter o tambaqui cativo por mais de um ano quando ele passa a se desenvolver com mais rapidez e ganhar mais peso. Em um ano, o peixe ganha um quilo de peso em média. Em dois anos, ele pode chegar a 3 quilos ou mais, atraindo o consumidor final que dá mais valor ao peixe grande e mais gordo que alimenta toda a família a tem melhor aparência ao ser servido na mesa.
“Tudo poderia ser mais fácil se os bancos oficiais, que reclamam da falta de iniciativa dos produtores na apresentação de projetos, vissem nossos pequenos produtores como aptos  para receber esses recursos “,  alfineta José Maria Matos, que no ano passado assistiu um bom número de projetos praticamente aprovados pelo BASA, extornarem para o banco sem benefiar os pequenos criadores em valores pequenos de 20 mil reais em média.
Um finaciamento é tudo o que precisa Edmilson de Jesus Costa, 31 anos, morador na comunidade de Ajaraí, em Irituia, que juntamente com outras 19 famílias, em um açude de cerca de um hectare, engordam uma produção de 12 toneladas que serão despescados já para a semana Santa. "As vezes a gente tem de tirar  dinheiro da alimentação e escola dos filhos para comprar ração e alevinos", reconhece. Vinte mil alevinos a sessenta reais o milheiro levam R$1.200,00 das famílias e o saco de ração está em média 40 reais com 30 quilos do produto.

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